domingo, 22 de fevereiro de 2015

SNIPER AMERICANO

Crítica por Andrea Cursino: Clint Eastwood tem uma visão como cineasta em dar amplitude de imagens e ao mesmo tempo mostrar com sua lente o lado humano dos personagens. É possível entender o que cada personagem é em termos pessoais e profissionais, ou seja, muitas vezes só olhamos para o lado de fora das questões, só olhamos para a casca. É importante olhar com mais profundidade a razão pelo quais as pessoas têm certas atitudes e até a maneira como pensam ou encaram a vida.  É dessa forma que Clint Eastwood faz seus filmes. Não existe a intenção de justificar e ou levantar bandeiras. Ele se interessa pelo assunto e mostra apenas os seres humanos que vivem histórias. Assim ele conta a história do maior atirador mais letal da história dos Estados Unidos, Chris Kyle, a lenda. 

A primeira coisa que passa pela cabeça é: "como ver o lado humano de alguém que tem mais de 200 mortes nas costas? " E assim, Clint Eastwood se uniu a Bradley Cooper para produzir o filme. Cooper interpreta Chris Kyle e está concorrendo ao Oscar de Melhor Ator por esse personagem. É terceira indicação seguida de Bradley Cooper nessa categoria.

Sniper Americano é um bom filme de guerra! O filme de guerra nos lembra que uma guerra tem dois lados. Cada um tem seus objetivos e seus propósitos e que dois  lados tem seres humanos  que são convencidos que vale a pena matar ou morrer por uma causa. A guerra é o lado sombrio da humanidade. Nele vemos pessoas boas brigarem com outros iguais a eles, que só cumprem ordens, que protegem seus companheiros e prol da causa de gente que sequer chega perto do campo de batalha. Todo soldado é filho de alguém, é irmão, pai, marido, namorado, noivo, primo, tio. Não importa o lado que estão lutando, a realidade é que são humanos contra humanos e o que um ser humano é capaz de fazer a outro é o que nos assusta.

Kyle aqui não tem o papel de o herói ou o vilão, simplesmente é um personagem que seguiu as ordens e cumpriu acreditando que estava agindo de forma correta. Nesse ponto Bradley Cooper deu uma vida a esse Sniper com muita competência. O elenco é bom e a harmonia entre Bradley Cooper e Sienna Muller faz com que o lado mais humano de Kyle aflore. Ele tinha a família como bússula. As orientações do Pai, a doçura da mãe, o instinto de proteger o irmão mais novo, o romantismo com Taya e o carinho com os filhos. Isso sem esquecer que ninguém passa impune por uma guerra. Kyle viu e sentiu horrores que só quem está em uma guerra pode saber. A nós expectadores,  nos cabe assistir e saber um pouco mais desse Lado sofrido da humanidade. Um filme de guerra vale como registro de sua história e como uma lembrança que nada disso pode ser repetido.

Tecnicamente o filme é impecável e tem lindas tomadas. Clint Eastwood se preocupou em dar uma estética mais moderna para que se tenha noção do tempo real da guerra, já que a maioria dos filmes de guerra, falam da segunda guerra mundial. A fotografia é viva e a direção de arte impecável. Os efeitos sonoros e a edição de som são impressionantes. A trilha sonora não é marcante, mas está harmônica com o conjunto da obra.


O filme está concorrendo a seis categorias como Melhor Filme, Ator, Roteiro Adaptado, Edição, Edição de Som e Mixagem de Som. Com certeza, é um filme que vale a pena conferir.


Trailer



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